Na PUBLICA de 24out2010, em artigo de capa sobre a atividade do administrador da insolvência, refere-se em título "como se mata uma empresa".
Ora, fica-se, desde logo, com a ideia, pelo menos quem não é familiarizado com a atividade, que esta profissão tem como objeto "matar empresas", o que, de todo, não é verdade, pelo que, só por isso, o título escolhido é o menos apropriado. Bem poderia dizer-se "como se recupera uma empresa insolvente" ou "como se finaliza uma empresa" ou"como se extingue uma empresa" etc.
De facto quem mata a empresa são os seus dirigentes, por razões de mercado ou outras circunstâncias adversas, nunca o administrador da insolvência, pelo menos no sentido que o título, parece, querer atribuir-lhe.
O administrador da insolvência é um profissional, nomeado pelo tribunal para uma de duas coisas: recuperar a empresa que se encontra num estado quase terminal ou, no caso da recuperação não ser já viável, proceder à sua liquidação. Liquidação, contudo, não significa matar, mas sim revitalizar os seus recursos económicos disponíveis através da sua colocação no circuito económico, no mais curto espaço de tempo, com vista a poderem contribuir para o desenvolvimento e bem estar do País. É esta a sua missão e não outra.
Naturalmente que no caso da insolvência, os credores, normalmente, saem muito prejudicados, ficando, por isso, muitas vezes, encolerizados com a empresa que não lhes pagou e por tabela também com as pessoas com ela relacionadas, desde logo, incompreensivelmente, o administrador da insolvência.
Isto é tanto assim que a própria PUBLICA no dia 31out2010 na sua secção "correio" publica o comentário de um leitor que é elucidativo quanto à imagem que a sociedade terá desta atividade. Aí o leitor refere que teve um caso concreto em que cada membro da equipa recebeu 45 mil euros, embora administrador da insolvência seja apenas um, terminando com a frase: "chamar-lhes ladrões é pouco".
É certo que em todas as profissões haverá situações a lamentar. Mas será que este epíteto está apropriado? Será que a PUBLICA não teve mais nenhum comentário ao artigo, ou será que corrobora com essa opinião.
Confundir a parte com o todo é, no mínimo, lamentável. Só por ignorância ou má fé é que pode dizer-se uma coisa dessas.
LG
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